segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Outros tratamentos para a bipolaridade

Além dos remédios e do acompanhamento psiquiátrico e psicológico - todos são fundamentais - é possível, com atitudes simples, melhorarmos nosso quadro e nos mantermos estabilizados. Um ponto é a alimentação.  Li que ômega 3 faz muito bem aos portadores de bipolaridade e faz todo o sentido, afinal este suplemento também age beneficamente no cérebro, além de ajudar a diminuir altos níveis de colesterol.

Outra boa atitude é a prática de exercícios físicos. Além de queimar a energia excedente, também nos dá uma dose extra de serotonina, o hormônio de bem-estar, e contribui ainda para nossa autoestima, já que melhoramos a aparência e forma física.

Um ponto que eu considero extremamente importante e que me influencia muito é a música, que pode ajudar no momento em que precisamos nos recuperar de uma depressão, de nos reerguermos de volta para a vida. Pelo menos funciona assim comigo.

Preciso dizer que amo música, sou uma pessoa completamente eclética e aprecio a mais variada gama de estilos musicais - e não nutro preconceitos por nenhum ritmo.

Hoje estava ouvindo uma música da Nicki Minaj com a Rihanna, chamada Fly, que é muito linda e é feita para cantarmos, sentirmos e absorvermos (eu gosto do refrão)..

O refrão diz o seguinte:

I came to win, to fight, to conquer, to thrive,
I came to win, to survive, to prosper, to rise
To fly
To fly

Traduzindo, fica assim:

Eu vim para vencer, para lutar, para conquistar, para prosperar
Eu vim para vencer, para sobreviver, para prosperar, para subir
Para voar
Para voar

E é exatamente o que eu sinto. E ouvir essa música me faz sentir muito bem, com ânimo, com esperanças.
Além desta canção, há muitas outras. Sugiro selecionar todas que toquem seu coração de verdade para estes momentos especiais, ou até para o dia-a-dia, já que uma forcinha extra não faz mal a ninguém.

Também sugiro praticar o ato de amar. Acho, que mais do que nunca, precisamos nos olhar por dentro e nos reconhecermos, sem medo ou vergonha. Olhar o que temos de ruim, de feio, mas, principalmente o que temos de mais lindo e surpreendente. É essa parte boa de nós que irá comandar o restante, porque precisamos praticar o amor-próprio, nos amarmos muito e, desta forma, já cheios deste sentimento tão essencial, amarmos o restante. O amor merece ser praticado, porque, uma vez com amor, não conseguimos nunca mais viver sem ele. E quantas cores este sentimento traz para nossa vida, quantos novos sabores, sonhos, tanta perspectiva de novidades e possibilidades.

Isto tudo afasta a auto-piedade, a nossa pior inimiga. A auto-piedade chega de mansinho, encoberta no inconsciente e nos derruba mesmo. É ela que nos mantém no chão, presos à depressão.

Tudo o que foi descrito acima é uma forma de afastar a auto-piedade, mantê-la bem distante. É assim que conseguiremos tocar nossas vidas da forma mais natural e saudável possível.

Não é fácil, mas está londe de ser impossível. Pensem nisso.

sábado, 22 de setembro de 2012

Resolução

Ontem à noite, meu coração estava disparado e sentia um enorme e profundo vazio no peito. Tristeza, vontade de chorar sem motivo. Acho que faz parte da fase de adaptação ao medicamento, mas acredito ser mais um sintoma psicológico: não deixa de ser real, mas é produzido por mim mesma.

Esta semana também faltei ao trabalho um dia por isso. E não fui nenhum dia à academia. Acho que a atitude de se recolher é muito maléfica para quem tem bipolaridade, porque damos vazão à tristeza, à sensação incapacitante. Só quem tem bipolaridade, depressão, ou outros males afins, sabe como é ruim.

Eu pensei muito nisso ontem. E resolvi reagir. Mesmo que a minha dor pareça ser maior do que eu mesma (acreditem em mim, por mais que pareça, nossa dor nunca é maior que nós), mesmo que meu corpo pese, eu vou acordar cedo, sair de casa e vou à luta: estudar, fazer minhas atividades físicas, trabalhar. Mesmo que eu tenha passado a noite em claro, ou que tenha dormido apenas duas horas, eu vou seguir em frente.

É assim que devemos fazer. Devemos encarar como uma luta e podemos vencer. Somos como um viciado que está em abstinência das drogas; mas, no nosso caso, a abstinência é a depressão e a solução é seguir em frente.

Hoje estou muito melhor. E, se amanhã eu não estiver, vou continuar seguindo. Eu sei que haverá um dia, ou um momento que iremos parar, que não sairemos, que não faremos o que devemos fazer. Mesmo assim, não vamos desistir: a natureza não dá saltos. Tudo tem seu tempo e nós, como parte integrante deste mundo, também temos o nosso tempo. Cada um tem seu ritmo e devemos nos respeitar.

Vi muitos relatos pessimistas sobre a bipolaridade, isso me deixou triste, mas as coisas não precisam ser assim. Eu vou relatar aqui minha rotina, como me sinto e vou tentar, dia a dia, melhorar e me superar.

Beijos!

Medo de remédio

Fiz uma pesquisa sobre o Lamitor na internet e vi que é um dos medicamentos com menos efeitos colaterais. Como já estou tomando, posso garantir que é verdade. Achei um site muito legal que informa as principais características de cada remédio no tratamento da bipolaridade. O site é: www.bipolaridade.com.br

Pelo menos com uma semana meu peso não aumentou. Mas, o mais importante: com o controle no humor que o remédio tem, aos poucos me trazido, não sinto mais tanta necessidade de comer. A ansiedade melhorou e isso tem feito muito bem para mim.

Lamitor: minha medicação

O remédio prescrito para mim foi o Lamitor. Comecei com uma dose de 25 mg por dia e assim continuarei até semana que vem, quando a dose será dobrada: tomarei 50 mg. A dose precisa ser aumentada aos poucos porque o principal efeito colateral deste remédio é o rash cutâneo, umas manchas vermelhas que podem aparecer na pele e que coçam. A indicação é que, em qualquer sinal deste sintoma, a medicação deve ser suspensa e, mais importante, o psiquiatra deve ser avisado imediatamente.

Até agora nada apareceu em mim. Senti umas leves tonturas, mas passaram. Tenho, nesta primeira semana de medicamento, tido altos e baixos emocionais muito intensos, mas não sei se é devido à medicação. Meu psicólogo me explicou que quando descobrimos sermos portadores de males que não queríamos ter, inconscientemente tendemos a passar por três fases.

Primeiro é a negação. Não queremos aceitar que temos, no meu caso, a bipolaridade, não queremos acreditar, relutamos em  entender. Para mim, essa parte já passou. Acho que ainda tenho resquícios, leves, mas, passou.

Depois vem a irritação - obs: não sei se é nessa ordem, mas é mais ou menos assim. Não sou psicóloga e nem profissional de saúde, então, se tiverem alguma dúvida, é bom que se consultem com algum profissional, ok? - ficamos irritados, parece que estamos de mal com o mundo. A irritação é latente, no meu caso, e vem como algo que submerge de um lugar bem profundo.

A terceira é a depressão: ficamos mal, ficamos tristes, pra baixo. Mas, fazer o quê? The show must go on, sabe? A vida continua e isso, por incrível que pareça, pode ser o maior combustível de esperança e otimismo. Quer dizer que podemos melhorar, fazer diferente, mudar. Está em nossas mãos.

Pode ser um pouco mais difícil para um bipolar, sim. Mas, quem nesta vida não tem dificuldade? E dificuldades extras, como uma deficiência física ou alguma incapacidade mental?

Este é o momento de realmente nos olharmos nos espelho, aceitarmos nosso pior e tentarmos melhorá-lo e admirarmos nosso melhor. E, devidamente medicados e tratados, podemos fazer isso da forma mais consciente e sem ilusões. Afinal de contas, bem ou mal, chegamos até aqui e podemos fazer muito mais.

Pensem nisso. Também vou pensar. Eu também preciso e estou nesta luta!

Atualização: Estou tomando o Lamitor até hoje (12 de março de 20143) e já estou com 50mg pela manhã e 50mg à noite. Estou muito melhor, até me esqueço ser portadora do transtorno da bipolaridade. Não sinto nenhum efeito colateral; o remédio só me fez bem e minha vida segue normal. Destaco que é importante tomar o medicamento regularmente, vale a pena. Outro ponto: também faço terapia, acredito que isso seja muito importante, talvez fundamental para que possamos melhorar. Os sintomas de depressão são nulos em meu cotidiano. Consigo realizar minhas tarefas com mais regularidade e isso tem me deixado muito feliz. O remédio e a terapia são grandes aliados. Quem quiser compartilhar suas experiências, será bem-vindo. Um grande abraço, com todo meu carinho.


Meu mundo caiu...

O título é uma música da Maysa. Nada poderia ser mais dramático. Bom, é assim que sou. E foi isso que senti quando fui diagnosticada com transtorno bipolar do humor. "Poxa, já não bastam todos os problemas desta vida, ainda tenho que ser doente?", pensei. E mais, ter que tomar remédios ao longo da vida não me pareceu nada interessante. Fiquei mal, fiquei triste, me senti deprimida. Agora, neste momento, tem pouco mais de uma semana do diagnóstico e devidamente medicada, estou bem, razoável. Mas nestes dias tenho passado por altos e baixos emocionais. Não sei se é da medicação ou reação à notícia da doença. Aliás, já estou em terapia há um pouco mais de um ano, e digo que é fundamental e foi a minha base desde que descobri a bipolaridade. É isso. A vida continua e, digo, com toda a sinceridade, que a vida pode ser maravilhosa.